SOLIDARIEDADE DA FEC
Entidade exige punição para os assassinos de Nega Pataxó
O assassinato da líder espiritual Maria Muniz, conhecida como Nega Pataxó, da tribo Pataxó Hã-Hã-Hãe, choca o Brasil e chama a atenção do mundo para a escalada de violência contra os povos originários. O crime ocorreu neste domingo (21), em Potiraguá, no Sudoeste da Bahia, envolvendo a disputa de terras entre indígenas e fazendeiros.
Cerca de 200 ruralistas se mobilizaram através das redes sociais, em um grupo denominado ‘Invasão Zero’, que é coordenado pelo empresário e ruralista ilheense Luiz Uaquim. Além da morte de Nega Pataxó, o ataque deixou dois indígenas baleados, sendo um o cacique Nailton Pataxó, irmão de Maria Muniz. Houve ainda o espancamento de duas pessoas, com uma mulher tendo o braço fraturado e outros feridos.
“A FEC Bahia e seus sindicatos estão solidários com os pataxós e todos os povos originários que são vítimas de violência cometida por latifundiários e garimpeiros ilegais. É essencial maior rigor dos poderes públicos e do Judiciário para punir esses criminosos. O governo federal deve garantir a demarcação das terras indígenas e maior proteção para esses povos”, enfatiza Jairo Araújo, presidente da entidade.
Segundo reportagem da Revista Fórum, os pataxós reivindicam a retomada de uma terra que lhes foi concedida judicialmente mas ainda não foi transformada em Terra Indígena pela Funai. Por isso ocuparam. Os fazendeiros, por sua vez, não buscaram a recuperação da propriedade dentro da lei.
VIOLÊNCIA CRESCENTE
Segundo relato do jornal A Tarde online, o Brasil presenciou vários crimes contra os pataxós na Bahia. No dia 21 de dezembro de 2023, o cacique Lucas Kariri-Sapuyá, 31 anos, foi assassinado em Pau Brasil, quando voltava para a sua aldeia, acompanhado de seu filho. Além disso, seus familiares foram ameaçados por pistoleiros. Neste ano, também, outros cinco indígenas foram assassinados na Bahia. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que o número dobrou em relação a 2022. Entre as vítimas, Daniel de Sousa Santos, Pataxó Hã-hã-hãe de 17 anos, morto em uma área de reserva ambiental em Pau Brasil.
Ao se referir a morte de Nega Pataxó, a Apib diz que “a aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas”. Relatórios da entidade revelam que 29 indígenas Pataxó-Hã-Hã-Hãe foram assassinados na última década.
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