VAREJISTAS NA JUSTIÇA

320 lojas fechadas e milhões em processos trabalhistas

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As demissões derivadas da reestruturação do setor varejista ao longo do ano passado têm potencial para se transformar em processos trabalhistas já em 2025. As provisões para atender a essas ações na Justiça podem impactar o caixa das empresas, mas as redes se dizem mais preparadas para lidar com o problema. Geralmente, ciclos corporativos de desligamento podem gerar de 12% a 16% de novas demandas, segundo o advogado, professor e pesquisador da universidade Mackenzie, Denis Sarak.

No varejo, ressalta o especialista, esse porcentual tende a ser maior. “Cada setor tem sua particularidade. E, pela dinâmica do varejo, especificamente as relações dos contratos, esse porcentual é maior, sim”, afirma Sarak. “Todo setor tem problemas. No banco, é a hora extra. Na logística, é o desvio e acúmulo de função. E, no varejo, são comissões e prêmios”.

Durante 2023, as principais empresas do varejo listadas na B3 fecharam 320 lojas. Os casos mais emblemáticos foram de Americanas (125 unidades), Marisa (91), Casas Bahia (55) e Magazine Luiza (53). O passivo trabalhista pode bater no caixa das empresas em até seis anos, em média, dado que os processos podem ter início em até dois anos após as demissões. A partir daí, ficam sujeitos ao tempo de julgamento pela Justiça do Trabalho.

O sócio do escritório Pimentel Aniceto Advogados, Fabio Pimentel, explica que os ciclos de desligamentos em grandes redes normalmente vêm precedidos de estudos de impacto. “São decisões tomadas a partir de avaliações relativas não só ao fluxo de vendas, que é o que normalmente leva ao fechamento de lojas, mas também ao impacto trabalhista”, afirma.

EMPRESAS

>> CASAS BAHIA – No segundo semestre de 2021, anunciou que teve de separar R$ 1,2 bilhão de uma vez e de forma inesperada para possíveis perdas em processos trabalhistas, além do mesmo montante que já estava provisionado. O anúncio surpreendeu negativamente o mercado e abalou a confiança de investidores à época, com as ações da empresa chegando a recuar 18%. Segundo fontes, a rede tinha um problema crônico no pagamento de comissões e a conduta de conciliação na Justiça estimulava a entrada de novos processos.

>> MAGAZINE LUIZA – Os fechamentos de lojas resultaram em menos demissões do que o normal. A lógica da rede foi eliminar sobreposições e direcionar o público. Assim, a loja que permanecia aberta, teria maior frequência de clientes e, logo, precisaria de mais funcionários. Segundo a empresa, em vez de demitir todos os colaboradores das unidades fechadas, a companhia fez a transferência para outras.

>> AMERICANAS – As demissões podem ser inseridas nos débitos da Recuperação Judicial, caso os passivos trabalhistas surjam enquanto a empresa tem proteção contra seus credores. A companhia afirmou, em nota, que o fechamento e abertura de lojas realizados no período informado seguiram a dinâmica de sazonalidade do varejo e o plano de reestruturação da companhia, com foco em rentabilidade. A força de trabalho é realocada em outras unidades da operação.

>> MARISA – O montante passou de R$ 35,968 milhões no fim de 2023 para R$ 38,365 milhões no segundo trimestre de 2024, um nível considerado controlado pela gestão da empresa. Historicamente, a companhia não tem problemas mais sérios ligados a processos trabalhistas na Justiça, já que seus vendedores não têm um modelo de comissão como em varejistas de bens duráveis. Além disso, a empresa reaproveitou parte dos funcionários das lojas fechadas.

Fonte: Mercado & Consumo

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