REDUÇÃO DA JORNADA
FEC e CTB celebram posição do secretário Augusto Vasconcelos
Fazer o debate sobre a importância da redução da jornada de trabalho exige muitas vozes para falar com a sociedade. E a Bahia sai na frente com o atual secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Augusto Vasconcelos. Ele pautou o tema durante entrevista para o jornal A Tarde. Augusto disse que vai promover debates importantes para os trabalhadores e as trabalhadoras na Bahia, como a redução da jornada.
O secretário afirmou que os avanços científicos e tecnológicos têm aumentado a produtividade no trabalho, mas não beneficiado proporcionalmente os trabalhadores. “Como se explica que, em alguns setores da economia, a lucratividade aumentou e os trabalhadores, apesar da tecnologia, estão trabalhando mais, adoecendo mais e recebendo menos? Essa equação não fecha”, questionou e assegurou que a Setre será protagonista nesse debate no estado.
Segundo o presidente da FEC Bahia, Jairo Araújo, o tema voltou à tona com a PEC que acaba a Escala 6×1 e pode ganhar força com posições de figuras importantes. “Certamente, as opiniões que conhecemos de Augusto Vasconcelos em sua trajetória serão repercutidas nos espaços institucionais e junto à sociedade. O movimento sindical tem o desafio de potencializar o debate em suas categorias, especialmente colocando como ponto de pauta nas campanhas salariais desse ano. A Federação tem orientado os nossos dirigentes nessa linha”, enfatiza.
Para a presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, essa é uma posição importante. “Ter a figura de um secretário de governo assumindo posição sobre o tema projeta o debate para além do movimento sindical, dando uma dimensão maior para envolver a sociedade na discussão, o que pode ajudar muito a influenciar o Congresso Nacional, por exemplo, a aprovar o fim da Escala 6×1, com redução da jornada sem redução salarial. A origem sindical de Augusto permitirá um diálogo constante com o movimento sindical para a definição de políticas públicas. Tivemos uma experiência boa, nesse sentido, com o ex-secretário Davidson Magalhães. E, certamente, isso pode ser ampliado. O secretário surgiu no movimento estudantil, e consolidou sua trajetória como liderança sindical e vereador da cidade. Tem uma visão ampla das lutas sociais. A CTB e as centrais estará à disposição para conversar e ajudar na implantação dos projetos da Setre”, destaca.
REDUÇÃO DA JORNADA NO MUNDO
Na entrevista, Augusto Vasconcelos chamou atenção para experiências do mundo. “Elas demonstram que a redução da jornada aumenta a produtividade, pois diminui o absenteísmo, reduz o número de afastamentos por doença, inclusive mental, que tem sido uma verdadeira epidemia. Depressão, síndrome do pânico, síndrome de Burnout, em razão da sobrecarga e do tempo excessivo dedicado ao trabalho. Inclusive agora com as telas, com o WhatsApp, com essas ferramentas, a gente acaba trabalhando muito mais. Isso tudo, com essa jornada estafante, principalmente nas categorias que ainda tem a escala 6×1, em que você trabalha seis dias e só folga um, muitas vezes não é nem no domingo e você não tem acesso nem ao seu filho, que durante a semana está na escola. Não convive com a família. Isso é ruim para sociedade, para humanidade. A gente precisa discutir: a tecnologia aumentou a produção. Quem vai se beneficiar dessa tecnologia? Apenas os acionistas da empresa? Isso é injusto. Precisamos fazer com que a classe trabalhadora também se beneficie dos avanços científicos e tecnológicos”, defendeu.
DIÁLOGO COM O SINDICALISMO
O secretário reforçou seu compromisso com o movimento sindical. “Eu sou trabalhador, filho da classe trabalhadora, e estou nessa condição agora de secretário de Estado. Mas sou da luta sindical, onde tenho minha origem. Sou da luta popular por defesa de direitos, por pautas de distribuição de renda. É evidente que nós levamos isso tudo para a agenda de um governo que tem a característica de ter um governador também de origem popular e que tem uma ligação muito forte com os movimentos sociais. É evidente que nós vamos conversar com o setor produtivo, com todos os segmentos empresariais, atrair novos investimentos, firmar parcerias, mas temos um compromisso muito forte com a pauta do trabalho decente. Para mim foi uma experiência incrível o Sindicato dos Bancários, assim como o movimento sindical. É uma escola de vida, de formação cidadã. Eu vou carregar esses ensinamentos comigo, claro que numa outra posição, mas sempre em diálogo e em parceria com as centrais sindicais e com as lutas da classe trabalhadora”, afirmou.
com informações do A Tarde
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