TRABALHO DOENTE

Se o mercado de trabalho apresenta bons números, com a geração de 3,1 milhões de empregos em dois anos e o menor índice de desemprego em 12 anos (6,6%), a saúde mental dos trabalhadores está em perigo. Dados do Ministério da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho mostram que, em 2024, houve o maior número em, pelo menos, dez anos.

Os transtornos mentais chegaram a uma situação absurda. Na comparação com 2023, as 472.328 licenças médicas concedidas representam um aumento de 68%. Segundo psiquiatras e psicólogos ouvidos pelo portal g1, é reflexo da situação da precarização do mercado de trabalho e efeitos da pandemia de Covid-19, entre outros pontos.

Ao analisar o perfil dos trabalhadores atendidos, verifica-se que a maioria é mulher (64%), com idade média de 41 anos e quadros de ansiedade e de depressão. Elas passam até três meses afastadas do trabalho. Os especialistas explicam que mulheres são a maioria por fatores sociais: a sobrecarga de trabalho, a menor remuneração, a responsabilidade do cuidado familiar e a violência.

Por isso, o governo Lula (PT), tomou medidas mais duras. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou da NR-1 (norma com as diretrizes sobre saúde no ambiente do trabalho), com o tema sendo fiscalizado nas empresas e pode, inclusive, render multa.

O problema tem resultado em grande quantidade de liberação, pelo governo, de benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença). O benefício é concedido pelo INSS quando o trabalhador precisa se afastar por mais de 15 dias, após passar por perícia médica.

Em 2024, foram 3,5 milhões pedidos de licença no INSS motivados por várias doenças. Cerca de 472 mil solicitações foram atendidas por questões de saúde mental. Em 2023, foram 283 mil benefícios, representando um aumento de 68% e um marco na série histórica dos últimos 10 anos.

O número acima traz a lista de doenças de saúde mental que mais geraram concessão de benefícios por incapacidade temporária. Os dados representam afastamentos e não trabalhadores, pois uma pessoa pode tirar mais de uma licença médica no mesmo ano e esse número é contabilizado mais de uma vez.

com informações do g1