E A AMERICANAS, HEM!

Bilionários da empresa querem 80% de desconto em dívidas

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Depois de pedir recuperação judicial (processo para intervenção da Justiça na renegociação de débitos com credores), a Americanas trabalha uma proposta para essa renegociação. A empresa, controlada desde 1983 por três dos homens mais ricos do país, deve pedir um abatimento de até 80% de suas dívidas para tentar se restabelecer e fugir da falência.

Os três principais sócios da empresa são Jorge Paulo Lemann, o mais rico do país; Marcel Telles, o terceiro; e Beto Sicupira, o quarto. Eles mantiveram pessoas de sua confiança no Conselho de Administração da Americana, instância máxima da gestão. O próprio Sicupira presidiu o órgão. Sua filha, Cecilia Sicupira Giusti, e Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, também integraram o grupo.

A Americanas apresentou, na quinta-feira (16), seu primeiro balanço de resultados após admitir, em janeiro, ter fraudado sua contabilidade para camuflar seus lucros. A varejista revisou as contas e informou ter registrado prejuízo de R$ 6,2 bilhões em 2021 e outros R$ 12,9 bilhões no ano passado. Antes da revisão, tinha informado a investidores que lucrou R$ 500 milhões em 2021.

Divulgou, também, que a manipulação de seus resultados atingiu a marca de R$ 25,2 bilhões ao final de 2022. A fraude, segundo a própria empresa, acabou desorganizando a companhia, que já não gerava caixa real, mas sim dados fraudulentos para enganar investidores. A dívida da empresa chegou a R$ 42,3 bilhões.  Apesar disso, segundo a Americanas, os três sócios disseram que não sabiam da fraude.

RECUPERAÇÃO

Advogado especialista em Direito Empresarial, Pedro Henrique Costa explicou que o percentual de desconto proposto pela Americanas é comum. Segundo ele, empresas que entram em recuperação judicial buscam abatimento de suas dívidas, barganhando também com a possibilidade de falir e deixar credores sem receber.

Nesse caso, a empresa se compromete a pagar débitos trabalhistas e com micro e pequenas empresas (R$ 260 milhões) de forma integral, sem desconto. Quem tem até R$ 12 mil a receber receberia integralmente. Já o grosso dos R$ 42 bilhões devidos, a companhia quer pagar pedindo abatimento de 70%, parcelados em 15 anos, ou até 80%, em 20 anos.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Investidores (Abradin), o economista Aurélio Valporto, o processo de recuperação judicial no Brasil tem sido usado para “legalização de calotes” de grandes empresas contra credores.

com informações do Brasil de Fato

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