TEM EMPREGO, FALTA GENTE

Por que supermercados não conseguem preencher 350 mil vagas?

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Considerado um dos maiores empregadores e uma das principais portas de entrada para o primeiro emprego no Brasil, o setor de supermercados enfrenta o desafio de preencher 350 mil vagas abertas. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra preocupação com a escassez de mão de obra qualificada e a mudança na dinâmica do mercado de trabalho, onde os jovens que tinham o setor como o primeiro emprego, hoje preferem trabalhos com maior flexibilidade.

A dificuldade de preencher de vagas atinge todos os níveis, desde funções operacionais (atendentes, operadores de caixa e repositores) a cargos mais seniores e técnicos (gerentes de loja, líderes de setor e profissionais especializados em logística, TI e compras).

Vários fatores estão no entorno do problema: baixa atratividade das funções operacionais; salários pouco competitivos em relação a outros setores; jornada de trabalho considerada pesada (finais de semana e feriados); falta de qualificação técnica, comportamental (pessoas sem formação básica suficiente ou habilidades essenciais, como comunicação, organização, matemática básica, etc) e dificuldades para o atendimento ao público.

DESVALORIZAÇÃO DO TRABALHO

Para a FEC Bahia, os problemas acima podem se resumir na desvalorização do trabalho ao longo dos anos. “Hoje, vemos pessoas criticando a CLT, justamente porque o tipo de trabalho formal (com direitos e normas) que ela representa sofreu grande precarização. Mas, quando elas trabalham como autônomas ou pessoas jurídicas, também reclamam da falta de assistência e benefícios sociais, muitos na CLT”, pondera Antônio Suzart, dirigente da FEC e do SintraSuper de Salvador.

Segundo o dirigente, a desvalorização do trabalho regido pela CLT, fez muita gente questionar esse modelo. “Constantes acidentes de trabalho e a grande incidência de doenças ocupacionais, como estresse, angústia e, até, depressão ampliam a visão negativa sobre trabalhar em determinados setores. Nos supermercados, isso é muito visível hoje. As empresas precisam mudar essa realidade com melhor remuneração e locais de trabalho saudáveis. Além de qualificação profissional, tema que tratamos com o secretário do Trabalho da Bahia, Augusto Vasconcelos”, destaca.

Com a reforma trabalhista feita nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro a situação se agravou. Somam-se a isso, jornadas diárias e semanais exaustivas, baixos salários e muita tecnologia nas lojas, gerando desemprego em massa e sobrecarregando quem fica.

FIM DA ESCALA 6×1

Para Suzart, diante deste cenário, a principal medida que se coloca neste momento é o fim da escala de trabalho 6×1 (trabalha-se seis dias na semana e folga um). “Essa luta é desenvolvida pelas centrais sindicais, movimentos sociais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em setembro, teremos o plebiscito popular. Até lá, várias ações vão acontecer nas principais cidades do Brasil. O objetivo é aumentar a conscientização da sociedade e pressionar o Congresso Nacional para votar a PEC 8/25, das deputadas Erika Hilton (PSol-SP) e a coautora Alice Portugal (PCdoB-BA)”, enfatiza.

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