SOLTANDO O VERBO

Comerciários reforçam encontro da CTB sobre comunicação

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O 2º Encontro Nacional da Rede CTB de Comunicação começou nesta quinta-feira (4), e com uma bela provocação do jornalista Altamiro Borges, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé: “A comunicação que fazemos serve para enfrentar esse cenário atual, complexo?”. Vários dirigentes e profissionais de comunicação de sindicatos filiados à Central estão no Rio de Janeiro e vão quebrar a cabeça para responder a pergunta. O evento acontece no Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e vai até sábado (6).

Na abertura, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, destacou o esforço que a entidade realiza para melhorar a comunicação classista. “Não tem resposta fácil para questões complexas. A Primavera Árabe (atos no Oriente Médio em 2010) e os protestos contra Dilma (2013) no Brasil mostram o poder da comunicação, que aliada à luta política, muda realidades. Vimos o fortalecimento da extrema-direita, gerando problemas para a esquerda. Perdemos a narrativa em várias derrotas, como a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Precisamos reverter esse quadro”, pontuou.

O dirigente destacou que é preciso superar rápido as dificuldades pois há uma forte regressão do trabalho e dos direitos. “Observamos o trabalho escravo na era digital, quando a inovação tecnológica deve servir para melhorar a vida humana e o trabalho. O sindicalismo precisa ser mais amplo e não se limitar à luta econômica das categorias. É importante ter ações mais coletivas e de interesse da sociedade. Precisamos de mais produção de conteúdos próprios das entidades para fazer a luta de ideias. A comunicação é central para a disputa de narrativas na sociedade e na luta de ideias. Vamos propagar ideias do trabalho decente e de uma sociedade mais humana e menos desigual. Esse encontro é para nos colocar em um novo patamar”, afirmou.

Comerciári@s Taina e Renato soltam o verbo

 

Dirigentes comerciários de Salvador participam do evento. E já contribuíram no debate sobre momento político e a comunicação. “Vivemos várias crises: econômica, social, política e de identidade da classe trabalhadora, que não tem votado em trabalhadores. Como colocar as pautas dos trabalhadores diante de um Congresso conservador? Precisamos trabalhar isso na sociedade, que fica sem entender as polêmicas e qual o melhor caminho a seguir. E só poderemos fazer isso com uma boa comunicação”, disse Renato Ezequiel, presidente do Sindicato dos Comerciários, que estava acompanhado dos dirigentes Moisés Teles e Rosemeire Correia, além do jornalista Alexandre Levi.

Para a secretária de Comunicação e Imprensa do SintraSuper, Taina de Jesus, o movimento sindical precisa estudar esses novos fenômenos e definir ações para melhorar a comunicação. “Também pensar como podemos ajudar o governo a melhorar a sua comunicação e como fortalecer o intercâmbio entre as entidades sindicais nessa área importante para a luta”, frisou.

BOM DEBATE

Altamiro Borges e o professor Marcos Dantas (do Comitê Gestor da Internet no Brasil) falaram sobre o momento político atual e a comunicação. “Temos um grande problema com a comunicação. Falo da esquerda, do governo e das entidades sindicais. O problema está na própria sociedade e o desafio é entender que sociedade é que temos atualmente. Bolsonaro teve quase 60 milhões de votos, vindos da grande maioria de pobres e trabalhadores. Não houve resistência da sociedade aos ataques da direita. É preciso entender a força das redes sociais. Antes, as produções de conteúdos eram só da imprensa oficial. Agora, a própria audiência (o público) faz isso, também. Mas, a lógica econômica segue a mesma: é produzir audiência para atrair publicidade. O poder econômico ainda manda. Vivemos a época dos monopólios, que criam abismos econômicos e sociais, e impõem suas vontades a todo mundo. Os meios de comunicação são dirigidos pelo grande capital e o algoritmo é quem dá o tom. São as plataformas que definem o que faz sucesso nas redes e o que interessa destacar ou omitir. O algoritmo não é nosso. Precisamos superar as dificuldades de apresentar alternativas de comunicação para atingir a maioria do povo e regular as mídias digitais é fundamental”, enfatizou.

Segundo Altamiro Borges, é necessário entender o capitalismo das plataformas para enfrentar melhor os desafios. “Dos 10 maiores bilionários do mundo, 7 são da área de informação e donos das big techs. Temos que analisar a comunicação no contexto do capitalismo atual e da luta política, com seus avanços e retrocessos. Vemos o governo com limitações para avançar mais e a direita ainda muito forte no Brasil, que voltou mais ativo mundialmente com Lula. Há o resgate de políticas públicas importantes, redução da fome e a economia reagindo bem (com mais renda e empregos), mais democracia e diálogos com segmentos da sociedade”, destacou.

Entretanto, segundo Borges, a situação ainda é adversa para a esquerda e os movimentos sociais, com um Congresso pior e mais chantagista. “Vemos dificuldades de mobilização social, o que dificulta para o governo avançar. Mesmo com Bolsonaro na defensiva, o bolsonarismo segue ativo nas ruas e nas redes, com militância, e em vários partidos. É bom nos prepararmos, pois a extrema-direita vem forte para as eleições de outubro. O PL quer eleger 1.500 prefeitos. Cabe perguntar: A comunicação que fazemos serve para enfrentar esse cenário complexo? Penso que e precisamos melhorar, seja no campo institucional ou na sociedade. A luta é dura contra a mídia tradicional e o “esgoto” digital. Vemos a grande mídia defendendo a Lava Jato e Sérgio Moro, além de uma nova onda de escandalização da política. O governo precisa ter uma estratégia de comunicação para enfrentar a direita. Vivemos tempos de guerra e a Secom faz comunicação para tempos de paz). Tem uma boa equipe e bons projetos, mas falta estratégia. Tem que pautar a sociedade e fortalecer os meios alternativos para ajudar na luta. Os movimentos sociais precisam superar as dificuldades para melhorar a comunicação, entendendo as novas linguagens. Já os sindicatos, precisam reduzir o corporativismo e melhorar a ação em rede com as demais entidades”, frisou.

com informações da CTB Bahia

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